segunda-feira, 30 de novembro de 2009

MAQUIAVEL:POLÍTICA E ÉTICA


A tradição judaico-cristã e filosófica atribuiu a Maquiavel a responsabilidade pela separação entre ética e política, formando desse modo uma nova visão, voltada somente para os fins. Os fundamentos teóricos do Príncipe não partiram de uma Teologia, dos humanistas ou da filosofia, mas das experiências concretas dos grandes líderes da História da humanidade, principalmente da sociedade romana em seu período republicano.
A chave para o êxito está em reconhecer a força das circunstâncias, relacionando a necessidade com a exigência dos novos tempos, de maneira temporária e se possível de uma única vez, e nunca em benefício próprio. A virtu não deve ser entendida como um dado antropológico, mas um agir voltado ao bem comum. O valor não está nas medidas, mas na preservação do ideal de bem comum.
Por fim, a ética não é uma esfera independente das dimensões da existência humana, por isso, não pode ser desprezada, a fim de não justificar monstruosidades na intenção de construir algo melhor. Os fundamentos éticos não são cristãos, mas mesmo assim são éticos. A crítica à ética cristã não se torna uma crítica à religião, mas a uma ética que se descuida dos valores cívicos e com isso permite a tirania, a submissão e a dominação.

SGANZERLA, A. MAQUIAVEL: ser e parecer na política. In: Anor Sganzerla; Ericson Falabretti; Francisco Verardi Bocca. (Org.). Ética em Movimento: contribuições dos grandes mestres da filosofia. 1 ed. São Paulo: Paulus, 2008, v. 1, p. 69-81.

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