sábado, 12 de dezembro de 2009

Platão - Dualismo Psicofísico

A concepção platônica do homem se inspira em forte dualismo entre alma e corpo, segundo REALE, "Platão introduz, além da participação metafísico-ontológica, a partição do elemento religioso derivado do Orfismo, que transforma a distinção entre alma (=supra-sensível) e corpo (=sensível) em oposição. (2004, p.152)."

Todo homem possui um corpo e uma alma. O que há de mortal no homem foi criado pelos astros divinos, preparando seu corpo para receber a alma imortal, criada pelo Demiurgo. No entanto, “o ser real e realmente imortal que somos, chama-se alma.” (Leis, XXI, 959 b). A alma constitui o homem e comanda o corpo, a fim de buscar sempre o melhor, já que o corpo é mortal e não conhece o Bem.

O amor próprio é a fonte de nossos erros, ele não nos permite admitir que erramos, ele também possui o poder da destruição, quando não se permitindo conhecer a verdade suprema, insiste em tentar impor sua própria verdade.

Platão afirma que quando a alma comete uma maldade, está prejudicando a si própria. Ela receberá a punição em um tribunal intermediário, onde seus erros estarão visíveis, pois a alma se transforma com suas faltas. O castigo que lhe será concedido agirá como um espelho, provocando reflexão e correção.

Ao contrário das almas más, que após a morte de seu corpo renascerá em outro, a alma que se ocupar com a filosofia, com o conhecimento e com a justiça, receberá a recompensa de contemplar as verdadeiras Formas e não mais precisará conviver com as cópias. São as próprias almas que escolhem sua condição em um momento denominado instante crítico, quando determinam à maneira que irão viver. Somente um deus poderia distribuir as almas aos corpos corretamente, se o homem for justo, tudo pode ser modificado e corrigido durante sua nova vida, pois a alma é independente da razão.

Quando Demiurgo criou as almas, deu a elas qualidades diferentes, mas todas possuíam o senso de Bem. Quando elas se unem ao corpo, grande parte opta pela injustiça e seguem o caminho errante, até que o circuito se complete, quantas vezes necessárias para que a alma se torne boa e justa. Outras escolhem o caminho do Bem, é exatamente na escolha que as almas se diferenciam umas das outras, pois "aquele que se aplicou ao amor do saber e aos pensamentos verdadeiros e que exerceu, antes de tudo, esta parte de si mesmo, obterá imagino, com toda necessidade, pensamentos imortais e divinos, se conseguir entrar em contato com a verdade, e na medida em que a natureza humana pode participal da imortalidade, será cumulado dele; porque ele rende, sem cessar, um culto à dinvidade. (Timeu, 90 b-c)."

Sendo a alma humana dividida em duas partes: a do Bem e a errante. Buscamos o conhecimento para melhorar o que amamos e também para nos igualar, até mesmo superar o que julgamos ter mais valor. Contudo a parte errante faz com que nosso egoísmo queira impor a nossa vontade até mesmo aos deuses.

Portanto, todas as almas têm um lugar no universo como um todo. A alma depende da razão, que não é concebida de uma só vez, mas ao longo da vida, e também não se perde por completa, pois o ser errante tem várias chances de adquiri-la em suas vidas posteriores, sendo que são as próprias almas que devem buscar o Bem, ultrapassando as tentações da ignorância e do vício, que as fazem ficar presas ao corpo.


Referência: REALE, Geovanni. História da Filosofia. 1. vol. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.

Bioética

http://www.youtube.com/watch?v=UuJT3M9ApWQ&feature=related

Augusto Comte - A Lei dos Três Estados

A filosofia da história, tal como a concebe Comte, é de certa forma tão idealista quanto a de Hegel. Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. Como Hegel ainda, Comte pensa que nós não podemos conhecer o espírito humano senão através de obras sucessivas - obras de civilização e história dos conhecimentos e das ciências - que a inteligência alternadamente produziu no curso da história. O espírito não poderia conhecer-se interiormente (Comte rejeita a introspecção, porque o sujeito do conhecimento confunde-se com o objeto estudado e porque pode descobrir-se apenas através das obras da cultura e particularmente através da história das ciências. A vida espiritual autêntica não é uma vida interior, é a atividade científica que se desenvolve através do tempo. Assim como diz muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da história do espírito através das ciências".

O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:

a) O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.

b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica"do ar. Este estado é no fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror" do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.

c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa expeirência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo. ("Ciência donde previsão, previsão donde ação").

Acrescentemos que para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.

Mafalda


Psicanálise

http://www.youtube.com/watch?v=aR8antI8mBo&feature=PlayList&p=F05C1747FEB0F211&playnext=1&playnext_from=PL&index=15

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Filosofia Grega


Filosofia é a arte que busca conhecer racionalmente a natureza, o ser humano, o universo e as transformações que neles ocorrem. Entende-se por filosofia grega os períodos que existiram antes e depois de Sócrates, sendo eles: Período pré-socrático, Período socrático, Período sistemático e Período helenístico.

O período pré-socrático ou cosmológico foi caracterizado pela physis (natureza) que buscava entender racionalmente a origem e as transformações ocorridas na natureza ao longo do tempo para também dessa forma entender o que de fato ocorreu com o ser humano. Nesse período se destacou Tales de Mileto.

O período socrático ou antropológico foi marcado pela democracia que dava igualdade a todos nas polis (cidades) dando direito à participação no governo e ainda pela mudança na educação grega já que as pessoas precisavam saber falar e induzir as demais.

O período sistemático marcado pela atuação de Aristóteles que introduziu todo o saber inespecífico para que se conhecesse todas as coisas que abrangesse vários princípios e várias formas do pensamento, o que recebeu o nome de lógica.

O período helenístico foi marcado por seu aparecimento após a decadência política das polis e pelo aparecimento de doutrinas que além de trabalhar com a natureza e a lógica, buscavam enfatizar a felicidade e a ensinar formas de dirigir a vida.

Em tais períodos houve filósofos de atos destacados como: Sócrates que fundou a filosofia humanista, Platão como seguidor de Sócrates fundou a Academia de Atenas e Aristóteles que considerado o maior filósofo sistematizou a lógica e vários outros conhecimentos como metafísica, moral e política.

O que é um Mito?

Quando estudamos a trajetória dos seres humanos, desde os tempos mais remotos, percebemos que eles sempre se preocuparam em buscar explicações sobre as origens, sobre o sentido da vida, da morte... e dos acontecimentos aparentemente inexplicáveis que ocorrem à sua volta.

O homem primitivo habitava um mundo que ainda não compreendia e tinha de se defrontar com fatos e fenômenos que lhe causavam medo. Para torná-los compreensíveis e, conseqüentemente, afastar o temor e a insegurança, desenvolveu uma espécie de linguagem interpretativa, o mito, que explicava o mundo de forma alegórica ou poética, atribuindo a origem de tais fenômenos a deuses ou a seres que transcendiam os limites humanos. O mito pode ser definido, assim, como uma história sagrada, simbólica, que dá ao homem condições de se apropriar do mundo e modela comportamentos. Dessa forma, contribui para a perseverança da cultura.

Por meio do sobrenatural, do transcendente, os povos primitivos tinham condições de lidar melhor com a realidade, situando-se de forma espontânea no mundo. As várias culturas trazem mitos sobre a origem do mundo, da tribo, do homem, dos vegetais, dos animais, da alegria, da dor, etc.

Homens de todos os tempos recorreram aos mitos para transmitir a experiência do sagrado, do divino. Apesar de não se orientarem por um raciocínio lógico, essas narrações simbólicas são uma forma metafórica de transmitir conhecimentos que vão além das categorias do pensamento, mas são fundamentais para a sobrevivência do ser humano em meio a um mundo hostil. A mitologia baseia-se na crença de que existe um nível invisível, desconhecido por nós, que sustenta o que é visível. Os mitos nos abrem a dimensão do mistério do Universo.

Uma vez que não somos apenas razão, importante compreendermos a função exercida pelos mitos em nossas vidas. Tal conhecimento nos dará possibilidade de ter uma visão mais ampla da realidade humana.

A leitura apressada, na busca do sentido do mito, pode nos levar a pensar que se trata apenas de uma maneira fantasiosa de explicar a realidade ainda não justificada pela razão. Essa compreensão do mito não esconde o preconceito comum de indendificá-lo com as lendas ou fábulas, e portanto como uma forma menor de explicação do mundo, prestes a ser superada por explicações racionais.

No entanto, a noção de mito é complexa e mais rica do que essa posição redutora. Mesmo porque o mito não é exclusividade de povos primitivos, nem civilizações nascentes, mas existe em todos os tempos e culturas como componente indissociável da maneira humana de compreender a realidade.

Os contos de fada, as histórias em quadrinhos, sem dúvida nenhuma trabalham com o imaginário e mitos universais como o do herói e o da luta entre o bem e o mal. Examinando as manifestações coletivas no cotidiano da vida urbana, descobrimos componentes míticos no carnaval, no futebol, ambos com manifestações delirantes do imaginário nacional e da expansão de forças inconscientes.

Podemos ainda nos referir a um artista famoso como um mito: James Dean como o mito da "juventude transviada" ou, então, Marilyn Monroe ou Madonna como mito sexual. A lista possível das conotações diversas que o mito assume não termina aqui. Apenas quisermos mostrar como um conceito tão amplo e rico não se esgota numa só linha de interpretação.

O mito não é resultado de delírio, nem uma simples mentira. O mito ainda faz parte da nossa vida cotidiana, como umas das formas indispensáveis do existir humano.