sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

HAIDDEGGER

De que forma o nada se desvela ao único ente que interroga a si mesmo, o homem.
O presente trabalho tem por finalidade apresentar de forma objetiva e clara o pensamento de Heidegger. A presente contribuição filosófica se apresenta em um caráter pós-metafísico, tendo como principal problema a ser desenvolvido o ato dos entes aprecerem de alguma forma a realidade sensível. Em um segundo momento tem por objetivo desenvolver uma reflexão da importância dos entes no que se refere à pesquisa científica, em sua particularidade se apresentando como objeto de estudo da própria ciência. Partindo dessa reflexão a respeito do ente, se faz necessário nos perguntarmos pelo campo que possibilita o aparecimento de alguma forma desse ente, ou seja, ao aparecer um determinado ente, se faz oportuno perguntar por meio de uma reflexão filosófica o que possibilitou essa apresentação do ente a uma realidade sensível.
Esses questionamentos apresentados no decorrer da presente discussão a respeito da manifestação desse elemento que possibilita o aparecimento do ente ou como podemos entender a interrogação pelo nada em uma realidade perceptível aos nossos olhos tendo como seu receptor o único ente que interroga a si mesmo, ou seja, o próprio homem e os demais entes que se caracterizam como uma coisa que estar no mundo de alguma forma. Nesse sentido o questionamento central abordado na presente reflexão filosófica se apresenta pelo modo em que o nada, ou seja, esse elemento que possibilita o aparecimento de todos os demais entes se apresenta ou se faz presente no único ente que se interroga se fazendo presente também nos demais entes.
Diante da presente problemática que deve ser desenvolvida no decorrer do texto, apontando assim as principais concepções apresentadas por Heidegger, se faz necessário entendermos de forma objetiva o que se pode entender por ente. O termo ente classifica todas as coisas que de uma forma ou de outra estar presente em uma realidade sensível e perceptível aos nossos olhos e aos nossos sentidos, ou seja, qualquer coisa que é, ou usando o termo de Heidegger, que estar aí de alguma forma. Essas coisas que são apresentadas não se limitam ao campo empírico ou concreto, ou seja, ao modo físico de estar no mundo, mas, abrange a toda categoria de coisas que de uma forma ou de outra existe, seja físico ou não, ou seja, se existe de alguma forma, seja por meio do pensamento ou por de algo concreto.
A segunda contribuição que faz necessário saber a respeito do ente é que pelo fato desse ente existir de alguma forma, seja por meio do pensamento ou por meio de algo concreto, não há uma hierarquia dessas coisas, ou seja, uma não se privilegia sobre a outra. Esse privilégio não é atribuído a essas coisas, pois, da mesma forma que se possibilitou a existência de uma determinada coisa, se possibilitou o aparecimento das demais, ou como podemos entender não há uma coisa mais importante que a outra, pois, o fato de estar no mundo, não se apresenta o direito de uma se destacar em relação à outra. Nesse sentido podemos postular na filosofia de Heidegger que não há nenhum valor moral, ou seja, não se mostra ao ente nenhum juízo de valor como bem, mal, pois, não se apresentando de uma forma hierárquica o seu pensamento se preocupa apenas em demonstrar a forma que essa coisa se constitui no mundo atribuindo assim valor ao mundo, pois, o mundo tem sentido, e se apresenta como mundo, pelo fato das coisas apresentarem sentido ao mundo sensível, ou como podemos entender a uma realidade sensível.
Diante dessa compreensão a respeito do ente no mundo, Heidegger apresenta a importância desses entes para a pesquisa científica. Esses entes são postulados como objetos de estudos da ciência que é desenvolvida por meio de uma pesquisa que possibilita em seus resultados e conclusões o desenvolvimento dos diversos campos do saber. Uma contribuição que se faz necessário desenvolver é que esses objetos de estudos, ou seja, os entes que estão sendo estudados e analisados em seu caráter científico por um ente que se distingui dos outros pela sua capacidade de se auto questionar, ou como podemos entender, de interrogar a si mesmo e os outros entes que são objetos de estudos da ciência. Nesse sentido podemos compreender que se faz necessário que se tenha um ente que auto se interroga, ou seja, o homem em suas capacidades racionais para que os demais entes possam desenvolver com eficácia a sua objetividade dentro do campo científico
É importante lembrarmos que não se apresenta uma hierarquia pelo fato de o homem poder pensar a si mesmo, perpassando assim a uma reflexão filosófica e científica do mundo em que vive, mas, se postula uma diferença necessária entre esse ente que auto se interroga e os demais entes. É por meio dessa diferença que se torna possível, não apenas uma produção no mundo em seus aspectos científicos, culturais e pessoais, pois, se não tivesse a possibilidade de uma atividade do pensamento por meio do homem seria impossível uma produção nos diversos âmbitos apresentados aos nossos olhos de uma forma lógica e coerente.
Diante dessa distinção entre o ente que apenas se apresenta de alguma forma ao mundo sensível e ao ente que auto se interroga, ou seja, o homem em sua capacidade de auto questionar-se a si mesmo e ao mundo, ou como podemos entender atribuindo sentido ao mundo, não apenas porque se fazem presente como tantos entes que compõem o mundo físico, mas, também porque tendo o homem essa capacidade de se auto interrogar a si mesmo, tendo assim a possibilidade de mudar e de atribuir novo sentido de mundo por meio dos diversos campos que nos são possíveis, assim como a cultura e a sociedade. Nesse sentido os entes que são entendidos como uma coisa que está aí no mundo, juntamente com o ente que auto se interroga se relacionam entre si, promovendo assim uma interação direta entre esses campos que tem por finalidade o desenvolvimento do saber, possibilitando assim ao homem a oportunidade de atribuir novos sentidos de mundo.
Nesse sentido Heidegger apresenta uma crítica à ciência que consiste em apenas visar à importância do ente, se esquecendo assim do elemento que possibilita o aparecimento dessa coisa ao mundo, que no pensamento de Heidegger se postula como sendo o ser ou o nada. Segundo o filósofo alemão a ciência se utiliza dos entes para desenvolver seus estudos a fim de postular uma contribuição para a sociedade. Diante dessa insistência pelo ente, ou seja, pela coisa que estar aí de alguma forma e até pelo objeto de estudo da própria ciência, pois, como podemos apresentar o seguinte exemplo: Um matemático para desenvolver uma determinada teoria deve ter como ente de sua contribuição cientifica, os próprios números que de certa forma apontam o desenvolvimento de uma teoria que pode ter uma grande contribuição para o futuro da sociedade em diversos aspectos. Notaremos que a importância do ente, seja em que campo estiver sendo aplicado e analisado é muito importante, pois, demonstra de certa forma a sua utilidade, no entanto, Heidegger em sua filosofia questiona a existência desses entes seja, tendo apenas a constituição de uma coisa em si, ou seja, um objeto que está no mundo aí, ou o ente interrogativo, ou seja, o próprio homem.
Em sua filosofia Heidegger questiona como esses entes podem estar no mundo, ou seja, como esses entes se apresentam ao mundo, permitindo assim que o mundo tenha um sentido próprio e originário. Nesse sentido o filósofo alemão postula que há o ente para se constituir como coisa no mundo aí, ou seja, para que possa estar no mundo sensível, sendo assim visível aos nossos olhos, se faz necessário que o ente se apresente ou se faça no mundo por meio do ser, ou como podemos entender por meio da diferença, ou como podemos entender, é por meio da diferença de tantos entes que existe que se faz possível o aparecimento de um determinado ente. Essa diferença estar no fato que um ente não se apresenta, ou seja, não é em seu sentido originário, ou seja, o ser se manifesta de forma diferente em todos os entes. Essa diferença é que faz com que um determinado ente apareça diferentemente de outro em diversos campos e sentidos do mundo.
Esse ser que se mostra ao ente, possibilitando assim o aparecimento do ente no mundo sensível, Heidegger também postula como sendo o nada. Esse termo não deve ser entendido como algo negativo ou como algo que nega o próprio ente, mas, como a diferença do ser que possibilita o aparecimento do ente ao mundo sensível. O nada pode ser entendido como o não ente. Esse não ente como já foi mencionado possibilita o aparecimento de entes, pois não sendo ente, possibilita o aparecimento do ente por meio desse nada ou por meio do ser. Nesse sentido podemos entender o ser ou nada como o elemento possibilitado que possibilita o aparecimento do ente em seu sentido originário.
Lembremos que temos dois tipos de ente, ou seja, duas formas originárias do mundo ter sentido. A primeira é por meio dos diversos entes que se apresentam ao mundo sensível, ou seja, a forma pela qual o ente se faz no mundo, ou como podemos entender a coisa que está no mundo aí, ou seja, de uma forma se fez presente no mundo por meio do ser que desvelou esse determinado ente a realidade sensível. A segunda forma é por meio do ente interrogativo, ou seja, o próprio homem que ao se interrogar, atribui sentido a si e as outras pessoas. O ser ou como podemos entender o nada se mostra em diferentes aspectos a esses dois entes. A primeira forma o nada se mostra por meio da coisa que estar aí no mundo de alguma forma, no entanto, a questão central que deve ser respondida é de que forma o nada ou como podemos entender o ser se mostra ou se desvela ao segundo ente que se interroga a si mesmo, interrogando assim e atribuindo sentido aos outros entes que funcionam como objetos de estudo da própria ciência e do próprio mundo, ou seja, ao próprio homem.
O nada se mostra por meio da angústia que é transmitida ao ente interrogativo. A angústia que nos é mostrada tem por finalidade a perca do controle de uma determinada situação em que o ente interrogativo esteja vivenciando, pois, tem por finalidade postular um retrocesso do próprio ente, ou seja, o homem não tem mais controle da situação em que vive. Essa angustia não deve ser entendida como um elemento ou como uma atividade psicológica, ou como podemos entender não se apresenta como sendo uma simples tristeza ou descontentamento, mas, essa angústia deve ser entendida em seu campo originário como sendo a finitude do próprio ente, pois, Heidegger em seu pensamento a respeito do aparecimento do ente por meio do ser ou do nada, visa a finitude do próprio ente que sendo no mundo, não se restringe em caráter eterno, ou seja, o fato do ente interrogativo e não apenas do ente que auto se interroga, mas, de todos os demais entes estarem no mundo. Esse fato não significa que eles não sejam finitos, pois, a filosofia de Heidegger apresenta exatamente esse caráter de finitude, pois, segundo o filósofo alemão todos os entes têm um caráter finitivo, ou seja, se apresentaram ao mundo por meio do ser dentro de um espaço e de um tempo, que tem como conseqüência a finitude de todas as coisas.
Diante dos argumentos apresentados acima podemos perceber que há na filosofia de Heidegger um anseio em responder a pergunta pelo o aparecimento do ente por meio do mostrar-se do ser. Nesse sentido percebe que transcendemos ao mundo físico para podemos de fato entender e responder com responsabilidade esse questionamento, pois, o termo ser, não se limita a um campo físico, por mais que amostre por meio do ente em uma realidade sensível, pois, não tem como vermos o ser, tocarmos no ser, ou seja, não há um material empírico do ser, no entanto, sabemos e temos por meio de estudos realizados e por meio de uma reflexão filosófica coerente e lógica que o ser se mostra ou como podemos entender se faz presente por meio do ente. Diante dessa certeza que é proporcionada pela reflexão filosófica de Heidegger, temos a possibilidade de olharmos com olhos metafísicos as realidades que estão inseridas no campo filosófico, no que se refere ao objeto e ao ser humano, não olhando e interpretando de uma forma do senso comum, mas, a filosofia de Heidegger nos possibilita a interpretar de forma crítica e transcendente aquilo que nos cercam, pois, ao nos perguntarmos sobre o sentido de um determinado objeto ou como podemos entender do próprio ente, nos remeteremos de forma metafísica ao elemento que possibilita o aparecimento do ente de forma originária a uma realidade sensível, ou seja, o próprio ser ou o nada.






Referência:
HEIDEGGER, Martin. Que é metafísica? São Paulo: Duas Cidades, 1969. 82 p.

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