quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A NATUREZA DO CONHECIMENTO APÓS A VIRADA LINGUÍSTICA-PRAGMATICA - Teoria do Conhecimento


A NATUREZA DO CONHECIMENTO APÓS A VIRADA LINGUÍSTICA-PRAGMATICA[1]


A problemática do conhecimento é o centro da filosofia desde o século XVII. Será possível abordar o conhecimento após a virada lingüística – pragmática que se deu a partir dos fins do século XIX? Para responder a tal questão, após Frege e Wittgenstein, cai o modelo fundacional que preconiza a busca da verdade e da certeza pela relação entre sujeito cognoscente e mundo/objeto conhecido. A semântica veritativa, critica Habermas, ainda prende-se à função expositiva da linguagem e, com isso, permanece presa à teoria do conhecimento tradicional. Numa teoria pragmática do significado não só o pensamento é comunicado, mas um fato é compartilhado, a verdade não se resume a um conteúdo proposicional, ela está ligada a razões, ao entender-se com alguém a respeito de algo. Habermas em “Verdade e Justificação” mostra que a racionalidade não é única (há a racionaTotalidade reflexiva, a epistemológica, a teleológica e a comunicativa). O conhecimento não se limita em formular juízos, mas é uma atividade de reconstrução que faz parte de nossas formas de vida. Ao lado das pretensões de validez há, para Habermas, um aspecto semântico, realista. No discurso há uma relação entre verdade e justificação, requisito para os processos intersubjetivos, que demandam o mundo objetivo enquanto algo que favoreceu ou não os processos de entendimento. Num enunciado bem justificado, retorna ao mundo da vida. Assim, no paradigma lingüístico-pragmático, faz sentido perguntar pela natureza do conhecimento somente se o conhecimento for visto como uma prática que decorre de necessidade do mundo da vida e não de certezas transcendentais.


[1] Inês Lacerda Araújo. Professora pesquisadora do programa Pós-Graduação Mestrado em Filosofia da PUCPR, autora de Introdução à Filosofia da Ciência e de Foucault Crítica do sujeito.

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