sábado, 12 de dezembro de 2009

Platão - Dualismo Psicofísico

A concepção platônica do homem se inspira em forte dualismo entre alma e corpo, segundo REALE, "Platão introduz, além da participação metafísico-ontológica, a partição do elemento religioso derivado do Orfismo, que transforma a distinção entre alma (=supra-sensível) e corpo (=sensível) em oposição. (2004, p.152)."

Todo homem possui um corpo e uma alma. O que há de mortal no homem foi criado pelos astros divinos, preparando seu corpo para receber a alma imortal, criada pelo Demiurgo. No entanto, “o ser real e realmente imortal que somos, chama-se alma.” (Leis, XXI, 959 b). A alma constitui o homem e comanda o corpo, a fim de buscar sempre o melhor, já que o corpo é mortal e não conhece o Bem.

O amor próprio é a fonte de nossos erros, ele não nos permite admitir que erramos, ele também possui o poder da destruição, quando não se permitindo conhecer a verdade suprema, insiste em tentar impor sua própria verdade.

Platão afirma que quando a alma comete uma maldade, está prejudicando a si própria. Ela receberá a punição em um tribunal intermediário, onde seus erros estarão visíveis, pois a alma se transforma com suas faltas. O castigo que lhe será concedido agirá como um espelho, provocando reflexão e correção.

Ao contrário das almas más, que após a morte de seu corpo renascerá em outro, a alma que se ocupar com a filosofia, com o conhecimento e com a justiça, receberá a recompensa de contemplar as verdadeiras Formas e não mais precisará conviver com as cópias. São as próprias almas que escolhem sua condição em um momento denominado instante crítico, quando determinam à maneira que irão viver. Somente um deus poderia distribuir as almas aos corpos corretamente, se o homem for justo, tudo pode ser modificado e corrigido durante sua nova vida, pois a alma é independente da razão.

Quando Demiurgo criou as almas, deu a elas qualidades diferentes, mas todas possuíam o senso de Bem. Quando elas se unem ao corpo, grande parte opta pela injustiça e seguem o caminho errante, até que o circuito se complete, quantas vezes necessárias para que a alma se torne boa e justa. Outras escolhem o caminho do Bem, é exatamente na escolha que as almas se diferenciam umas das outras, pois "aquele que se aplicou ao amor do saber e aos pensamentos verdadeiros e que exerceu, antes de tudo, esta parte de si mesmo, obterá imagino, com toda necessidade, pensamentos imortais e divinos, se conseguir entrar em contato com a verdade, e na medida em que a natureza humana pode participal da imortalidade, será cumulado dele; porque ele rende, sem cessar, um culto à dinvidade. (Timeu, 90 b-c)."

Sendo a alma humana dividida em duas partes: a do Bem e a errante. Buscamos o conhecimento para melhorar o que amamos e também para nos igualar, até mesmo superar o que julgamos ter mais valor. Contudo a parte errante faz com que nosso egoísmo queira impor a nossa vontade até mesmo aos deuses.

Portanto, todas as almas têm um lugar no universo como um todo. A alma depende da razão, que não é concebida de uma só vez, mas ao longo da vida, e também não se perde por completa, pois o ser errante tem várias chances de adquiri-la em suas vidas posteriores, sendo que são as próprias almas que devem buscar o Bem, ultrapassando as tentações da ignorância e do vício, que as fazem ficar presas ao corpo.


Referência: REALE, Geovanni. História da Filosofia. 1. vol. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.

Bioética

http://www.youtube.com/watch?v=UuJT3M9ApWQ&feature=related

Augusto Comte - A Lei dos Três Estados

A filosofia da história, tal como a concebe Comte, é de certa forma tão idealista quanto a de Hegel. Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. Como Hegel ainda, Comte pensa que nós não podemos conhecer o espírito humano senão através de obras sucessivas - obras de civilização e história dos conhecimentos e das ciências - que a inteligência alternadamente produziu no curso da história. O espírito não poderia conhecer-se interiormente (Comte rejeita a introspecção, porque o sujeito do conhecimento confunde-se com o objeto estudado e porque pode descobrir-se apenas através das obras da cultura e particularmente através da história das ciências. A vida espiritual autêntica não é uma vida interior, é a atividade científica que se desenvolve através do tempo. Assim como diz muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da história do espírito através das ciências".

O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:

a) O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.

b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica"do ar. Este estado é no fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror" do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.

c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa expeirência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo. ("Ciência donde previsão, previsão donde ação").

Acrescentemos que para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.

Mafalda


Psicanálise

http://www.youtube.com/watch?v=aR8antI8mBo&feature=PlayList&p=F05C1747FEB0F211&playnext=1&playnext_from=PL&index=15

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Filosofia Grega


Filosofia é a arte que busca conhecer racionalmente a natureza, o ser humano, o universo e as transformações que neles ocorrem. Entende-se por filosofia grega os períodos que existiram antes e depois de Sócrates, sendo eles: Período pré-socrático, Período socrático, Período sistemático e Período helenístico.

O período pré-socrático ou cosmológico foi caracterizado pela physis (natureza) que buscava entender racionalmente a origem e as transformações ocorridas na natureza ao longo do tempo para também dessa forma entender o que de fato ocorreu com o ser humano. Nesse período se destacou Tales de Mileto.

O período socrático ou antropológico foi marcado pela democracia que dava igualdade a todos nas polis (cidades) dando direito à participação no governo e ainda pela mudança na educação grega já que as pessoas precisavam saber falar e induzir as demais.

O período sistemático marcado pela atuação de Aristóteles que introduziu todo o saber inespecífico para que se conhecesse todas as coisas que abrangesse vários princípios e várias formas do pensamento, o que recebeu o nome de lógica.

O período helenístico foi marcado por seu aparecimento após a decadência política das polis e pelo aparecimento de doutrinas que além de trabalhar com a natureza e a lógica, buscavam enfatizar a felicidade e a ensinar formas de dirigir a vida.

Em tais períodos houve filósofos de atos destacados como: Sócrates que fundou a filosofia humanista, Platão como seguidor de Sócrates fundou a Academia de Atenas e Aristóteles que considerado o maior filósofo sistematizou a lógica e vários outros conhecimentos como metafísica, moral e política.

O que é um Mito?

Quando estudamos a trajetória dos seres humanos, desde os tempos mais remotos, percebemos que eles sempre se preocuparam em buscar explicações sobre as origens, sobre o sentido da vida, da morte... e dos acontecimentos aparentemente inexplicáveis que ocorrem à sua volta.

O homem primitivo habitava um mundo que ainda não compreendia e tinha de se defrontar com fatos e fenômenos que lhe causavam medo. Para torná-los compreensíveis e, conseqüentemente, afastar o temor e a insegurança, desenvolveu uma espécie de linguagem interpretativa, o mito, que explicava o mundo de forma alegórica ou poética, atribuindo a origem de tais fenômenos a deuses ou a seres que transcendiam os limites humanos. O mito pode ser definido, assim, como uma história sagrada, simbólica, que dá ao homem condições de se apropriar do mundo e modela comportamentos. Dessa forma, contribui para a perseverança da cultura.

Por meio do sobrenatural, do transcendente, os povos primitivos tinham condições de lidar melhor com a realidade, situando-se de forma espontânea no mundo. As várias culturas trazem mitos sobre a origem do mundo, da tribo, do homem, dos vegetais, dos animais, da alegria, da dor, etc.

Homens de todos os tempos recorreram aos mitos para transmitir a experiência do sagrado, do divino. Apesar de não se orientarem por um raciocínio lógico, essas narrações simbólicas são uma forma metafórica de transmitir conhecimentos que vão além das categorias do pensamento, mas são fundamentais para a sobrevivência do ser humano em meio a um mundo hostil. A mitologia baseia-se na crença de que existe um nível invisível, desconhecido por nós, que sustenta o que é visível. Os mitos nos abrem a dimensão do mistério do Universo.

Uma vez que não somos apenas razão, importante compreendermos a função exercida pelos mitos em nossas vidas. Tal conhecimento nos dará possibilidade de ter uma visão mais ampla da realidade humana.

A leitura apressada, na busca do sentido do mito, pode nos levar a pensar que se trata apenas de uma maneira fantasiosa de explicar a realidade ainda não justificada pela razão. Essa compreensão do mito não esconde o preconceito comum de indendificá-lo com as lendas ou fábulas, e portanto como uma forma menor de explicação do mundo, prestes a ser superada por explicações racionais.

No entanto, a noção de mito é complexa e mais rica do que essa posição redutora. Mesmo porque o mito não é exclusividade de povos primitivos, nem civilizações nascentes, mas existe em todos os tempos e culturas como componente indissociável da maneira humana de compreender a realidade.

Os contos de fada, as histórias em quadrinhos, sem dúvida nenhuma trabalham com o imaginário e mitos universais como o do herói e o da luta entre o bem e o mal. Examinando as manifestações coletivas no cotidiano da vida urbana, descobrimos componentes míticos no carnaval, no futebol, ambos com manifestações delirantes do imaginário nacional e da expansão de forças inconscientes.

Podemos ainda nos referir a um artista famoso como um mito: James Dean como o mito da "juventude transviada" ou, então, Marilyn Monroe ou Madonna como mito sexual. A lista possível das conotações diversas que o mito assume não termina aqui. Apenas quisermos mostrar como um conceito tão amplo e rico não se esgota numa só linha de interpretação.

O mito não é resultado de delírio, nem uma simples mentira. O mito ainda faz parte da nossa vida cotidiana, como umas das formas indispensáveis do existir humano.
http://www.youtube.com/watch?v=etvdr-cjrx8

HAIDDEGGER

De que forma o nada se desvela ao único ente que interroga a si mesmo, o homem.
O presente trabalho tem por finalidade apresentar de forma objetiva e clara o pensamento de Heidegger. A presente contribuição filosófica se apresenta em um caráter pós-metafísico, tendo como principal problema a ser desenvolvido o ato dos entes aprecerem de alguma forma a realidade sensível. Em um segundo momento tem por objetivo desenvolver uma reflexão da importância dos entes no que se refere à pesquisa científica, em sua particularidade se apresentando como objeto de estudo da própria ciência. Partindo dessa reflexão a respeito do ente, se faz necessário nos perguntarmos pelo campo que possibilita o aparecimento de alguma forma desse ente, ou seja, ao aparecer um determinado ente, se faz oportuno perguntar por meio de uma reflexão filosófica o que possibilitou essa apresentação do ente a uma realidade sensível.
Esses questionamentos apresentados no decorrer da presente discussão a respeito da manifestação desse elemento que possibilita o aparecimento do ente ou como podemos entender a interrogação pelo nada em uma realidade perceptível aos nossos olhos tendo como seu receptor o único ente que interroga a si mesmo, ou seja, o próprio homem e os demais entes que se caracterizam como uma coisa que estar no mundo de alguma forma. Nesse sentido o questionamento central abordado na presente reflexão filosófica se apresenta pelo modo em que o nada, ou seja, esse elemento que possibilita o aparecimento de todos os demais entes se apresenta ou se faz presente no único ente que se interroga se fazendo presente também nos demais entes.
Diante da presente problemática que deve ser desenvolvida no decorrer do texto, apontando assim as principais concepções apresentadas por Heidegger, se faz necessário entendermos de forma objetiva o que se pode entender por ente. O termo ente classifica todas as coisas que de uma forma ou de outra estar presente em uma realidade sensível e perceptível aos nossos olhos e aos nossos sentidos, ou seja, qualquer coisa que é, ou usando o termo de Heidegger, que estar aí de alguma forma. Essas coisas que são apresentadas não se limitam ao campo empírico ou concreto, ou seja, ao modo físico de estar no mundo, mas, abrange a toda categoria de coisas que de uma forma ou de outra existe, seja físico ou não, ou seja, se existe de alguma forma, seja por meio do pensamento ou por de algo concreto.
A segunda contribuição que faz necessário saber a respeito do ente é que pelo fato desse ente existir de alguma forma, seja por meio do pensamento ou por meio de algo concreto, não há uma hierarquia dessas coisas, ou seja, uma não se privilegia sobre a outra. Esse privilégio não é atribuído a essas coisas, pois, da mesma forma que se possibilitou a existência de uma determinada coisa, se possibilitou o aparecimento das demais, ou como podemos entender não há uma coisa mais importante que a outra, pois, o fato de estar no mundo, não se apresenta o direito de uma se destacar em relação à outra. Nesse sentido podemos postular na filosofia de Heidegger que não há nenhum valor moral, ou seja, não se mostra ao ente nenhum juízo de valor como bem, mal, pois, não se apresentando de uma forma hierárquica o seu pensamento se preocupa apenas em demonstrar a forma que essa coisa se constitui no mundo atribuindo assim valor ao mundo, pois, o mundo tem sentido, e se apresenta como mundo, pelo fato das coisas apresentarem sentido ao mundo sensível, ou como podemos entender a uma realidade sensível.
Diante dessa compreensão a respeito do ente no mundo, Heidegger apresenta a importância desses entes para a pesquisa científica. Esses entes são postulados como objetos de estudos da ciência que é desenvolvida por meio de uma pesquisa que possibilita em seus resultados e conclusões o desenvolvimento dos diversos campos do saber. Uma contribuição que se faz necessário desenvolver é que esses objetos de estudos, ou seja, os entes que estão sendo estudados e analisados em seu caráter científico por um ente que se distingui dos outros pela sua capacidade de se auto questionar, ou como podemos entender, de interrogar a si mesmo e os outros entes que são objetos de estudos da ciência. Nesse sentido podemos compreender que se faz necessário que se tenha um ente que auto se interroga, ou seja, o homem em suas capacidades racionais para que os demais entes possam desenvolver com eficácia a sua objetividade dentro do campo científico
É importante lembrarmos que não se apresenta uma hierarquia pelo fato de o homem poder pensar a si mesmo, perpassando assim a uma reflexão filosófica e científica do mundo em que vive, mas, se postula uma diferença necessária entre esse ente que auto se interroga e os demais entes. É por meio dessa diferença que se torna possível, não apenas uma produção no mundo em seus aspectos científicos, culturais e pessoais, pois, se não tivesse a possibilidade de uma atividade do pensamento por meio do homem seria impossível uma produção nos diversos âmbitos apresentados aos nossos olhos de uma forma lógica e coerente.
Diante dessa distinção entre o ente que apenas se apresenta de alguma forma ao mundo sensível e ao ente que auto se interroga, ou seja, o homem em sua capacidade de auto questionar-se a si mesmo e ao mundo, ou como podemos entender atribuindo sentido ao mundo, não apenas porque se fazem presente como tantos entes que compõem o mundo físico, mas, também porque tendo o homem essa capacidade de se auto interrogar a si mesmo, tendo assim a possibilidade de mudar e de atribuir novo sentido de mundo por meio dos diversos campos que nos são possíveis, assim como a cultura e a sociedade. Nesse sentido os entes que são entendidos como uma coisa que está aí no mundo, juntamente com o ente que auto se interroga se relacionam entre si, promovendo assim uma interação direta entre esses campos que tem por finalidade o desenvolvimento do saber, possibilitando assim ao homem a oportunidade de atribuir novos sentidos de mundo.
Nesse sentido Heidegger apresenta uma crítica à ciência que consiste em apenas visar à importância do ente, se esquecendo assim do elemento que possibilita o aparecimento dessa coisa ao mundo, que no pensamento de Heidegger se postula como sendo o ser ou o nada. Segundo o filósofo alemão a ciência se utiliza dos entes para desenvolver seus estudos a fim de postular uma contribuição para a sociedade. Diante dessa insistência pelo ente, ou seja, pela coisa que estar aí de alguma forma e até pelo objeto de estudo da própria ciência, pois, como podemos apresentar o seguinte exemplo: Um matemático para desenvolver uma determinada teoria deve ter como ente de sua contribuição cientifica, os próprios números que de certa forma apontam o desenvolvimento de uma teoria que pode ter uma grande contribuição para o futuro da sociedade em diversos aspectos. Notaremos que a importância do ente, seja em que campo estiver sendo aplicado e analisado é muito importante, pois, demonstra de certa forma a sua utilidade, no entanto, Heidegger em sua filosofia questiona a existência desses entes seja, tendo apenas a constituição de uma coisa em si, ou seja, um objeto que está no mundo aí, ou o ente interrogativo, ou seja, o próprio homem.
Em sua filosofia Heidegger questiona como esses entes podem estar no mundo, ou seja, como esses entes se apresentam ao mundo, permitindo assim que o mundo tenha um sentido próprio e originário. Nesse sentido o filósofo alemão postula que há o ente para se constituir como coisa no mundo aí, ou seja, para que possa estar no mundo sensível, sendo assim visível aos nossos olhos, se faz necessário que o ente se apresente ou se faça no mundo por meio do ser, ou como podemos entender por meio da diferença, ou como podemos entender, é por meio da diferença de tantos entes que existe que se faz possível o aparecimento de um determinado ente. Essa diferença estar no fato que um ente não se apresenta, ou seja, não é em seu sentido originário, ou seja, o ser se manifesta de forma diferente em todos os entes. Essa diferença é que faz com que um determinado ente apareça diferentemente de outro em diversos campos e sentidos do mundo.
Esse ser que se mostra ao ente, possibilitando assim o aparecimento do ente no mundo sensível, Heidegger também postula como sendo o nada. Esse termo não deve ser entendido como algo negativo ou como algo que nega o próprio ente, mas, como a diferença do ser que possibilita o aparecimento do ente ao mundo sensível. O nada pode ser entendido como o não ente. Esse não ente como já foi mencionado possibilita o aparecimento de entes, pois não sendo ente, possibilita o aparecimento do ente por meio desse nada ou por meio do ser. Nesse sentido podemos entender o ser ou nada como o elemento possibilitado que possibilita o aparecimento do ente em seu sentido originário.
Lembremos que temos dois tipos de ente, ou seja, duas formas originárias do mundo ter sentido. A primeira é por meio dos diversos entes que se apresentam ao mundo sensível, ou seja, a forma pela qual o ente se faz no mundo, ou como podemos entender a coisa que está no mundo aí, ou seja, de uma forma se fez presente no mundo por meio do ser que desvelou esse determinado ente a realidade sensível. A segunda forma é por meio do ente interrogativo, ou seja, o próprio homem que ao se interrogar, atribui sentido a si e as outras pessoas. O ser ou como podemos entender o nada se mostra em diferentes aspectos a esses dois entes. A primeira forma o nada se mostra por meio da coisa que estar aí no mundo de alguma forma, no entanto, a questão central que deve ser respondida é de que forma o nada ou como podemos entender o ser se mostra ou se desvela ao segundo ente que se interroga a si mesmo, interrogando assim e atribuindo sentido aos outros entes que funcionam como objetos de estudo da própria ciência e do próprio mundo, ou seja, ao próprio homem.
O nada se mostra por meio da angústia que é transmitida ao ente interrogativo. A angústia que nos é mostrada tem por finalidade a perca do controle de uma determinada situação em que o ente interrogativo esteja vivenciando, pois, tem por finalidade postular um retrocesso do próprio ente, ou seja, o homem não tem mais controle da situação em que vive. Essa angustia não deve ser entendida como um elemento ou como uma atividade psicológica, ou como podemos entender não se apresenta como sendo uma simples tristeza ou descontentamento, mas, essa angústia deve ser entendida em seu campo originário como sendo a finitude do próprio ente, pois, Heidegger em seu pensamento a respeito do aparecimento do ente por meio do ser ou do nada, visa a finitude do próprio ente que sendo no mundo, não se restringe em caráter eterno, ou seja, o fato do ente interrogativo e não apenas do ente que auto se interroga, mas, de todos os demais entes estarem no mundo. Esse fato não significa que eles não sejam finitos, pois, a filosofia de Heidegger apresenta exatamente esse caráter de finitude, pois, segundo o filósofo alemão todos os entes têm um caráter finitivo, ou seja, se apresentaram ao mundo por meio do ser dentro de um espaço e de um tempo, que tem como conseqüência a finitude de todas as coisas.
Diante dos argumentos apresentados acima podemos perceber que há na filosofia de Heidegger um anseio em responder a pergunta pelo o aparecimento do ente por meio do mostrar-se do ser. Nesse sentido percebe que transcendemos ao mundo físico para podemos de fato entender e responder com responsabilidade esse questionamento, pois, o termo ser, não se limita a um campo físico, por mais que amostre por meio do ente em uma realidade sensível, pois, não tem como vermos o ser, tocarmos no ser, ou seja, não há um material empírico do ser, no entanto, sabemos e temos por meio de estudos realizados e por meio de uma reflexão filosófica coerente e lógica que o ser se mostra ou como podemos entender se faz presente por meio do ente. Diante dessa certeza que é proporcionada pela reflexão filosófica de Heidegger, temos a possibilidade de olharmos com olhos metafísicos as realidades que estão inseridas no campo filosófico, no que se refere ao objeto e ao ser humano, não olhando e interpretando de uma forma do senso comum, mas, a filosofia de Heidegger nos possibilita a interpretar de forma crítica e transcendente aquilo que nos cercam, pois, ao nos perguntarmos sobre o sentido de um determinado objeto ou como podemos entender do próprio ente, nos remeteremos de forma metafísica ao elemento que possibilita o aparecimento do ente de forma originária a uma realidade sensível, ou seja, o próprio ser ou o nada.






Referência:
HEIDEGGER, Martin. Que é metafísica? São Paulo: Duas Cidades, 1969. 82 p.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Kant: "o conhecimento é o tesouro da alma"


Para Kant, o ato de filosofar procede de uma avaliação crítica para estabelecer o que de fato a razão pode e o que a razão não pode afirmar. Para Kant é impossível demonstrar "racionalmente" a existência de Deus, mas isso não impede ao ser humano falar de realidades metafísicas com Deus e alma. Kant propõe que busquemos incessantemente conhecer. Encher-se de conhecimento, aprender-se, experimentar, reiventar. Quanto mais conhecemos e absorvemos o que o mundo é, mais preparados seremos para agir, decidir e até mesmo "intuir", que nada mais é o que uma solução prática e sensível, baseada em tuas experiências e conhecimentos.
Priori: é uma expressão filosófica que designa uma etapa para se chegar ao conhecimento, que consiste no pensamento dedutivo. O conhecimento proposicional não pode ser adquirido através da percepção, memória ou testemunho. É, assim, uma anterioridade lógica e não cronológica que é designada na noção "a priori".
Posteriori: refere-se à etapa para se chegar ao conhecimento que é realizada através da experiência. Os defensores de que o conhecimento a posteriori é o único fiável são conhecidos como empiristas. Para eles, julgamentos e conhecimento não podem se subscrever à experiência, o homem não pode conhecer que aquilo que lhe é accessível pela experiência, e antes tudo pela percepção sensorial.
Para Kant, o conhecimento começa com a experiência, mas nem por isso origina-se nela. A partir deste convencimento, Kant procurou sintetizar o Racionalismo e o Empirismo, superando-os com a afirmação de que o conhecimento só existe a partir dos concitos da matéria e forma: a metéria vem da experiência sensível (a posteriori) e a forma é fornecida pelas estruturas do sujeito que pensa ( a priori).

Conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico é racional. Baseia-se na especulação em torno do real, tendo como objeto a busca da verdade. Por isso, diz-se que é uma atitude. Ele é sistemático, mas não experimental. Vai à raiz das coisas e é produzido segundo o rigor lógico que a razão exige de um conhecimento que se quer buscando a verdade do existente.
Nessa investigação, o conhecimento filosófico visa aos "porquês" de tudo o que existe. É ativo, pois coloca o humano à procura de respostas para as inúmeras perguntas que ele próprio pode formular. Exemplos: Quem é o homem? De onde ele veio? Para onde ele vai? Qual é o valor da vida humana? O que é o tempo? O que é o sentido da vida?

CONHECIMENTO

http://www.youtube.com/watch?v=AXzfjQeEjYg

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cristianismo e Filosofia

A divisão mais profunda da história da filosofia é marcada pelo cristianismo. As duas grandes etapas do pensamento ocidental estão por ele separadas. Mas seria um erro crer que o cristianismo é uma filosofia. É uma religião, coisa muito distinta. Nem sequer se pode falar com rigor de filosofia cristã, se o adjetivo cristão tiver de definir um caráter da filosofia. Só podemos chamar de filosofia cristã à filosofia dos cristãos enquanto tais, isto é, a que está determinada pela situação cristã de que parte o filósofo. Neste sentido, o cristianismo tem um papel decisivo na história da metafísica, porque modificou essencialmente os pressupostos sobre os quais o homem se move, e, portanto, a situação a partir da qual tem de filosofar. Como o homem cristão é diferente, é diferente a sua filosofia, distinta, por exemplo, da grega.
O cristianismo traz uma idéia totalmente nova que confere um sentido à existência do mundo e do homem: a criação. "In principio creavit Deus caelum et terram". É desta frase inicial do Gênesis que parte a filosofia moderna. Vimos como o problema do grego era o movimento: as coisas são problemáticas porque se movem, porque mudam, porque chegam a ser e deixam de ser o que são. O que se opõe ao ser é o não-ser, o não ser aquilo que se é. Desde o cristianismo o que ameaça o ser é o nada. Para o grego não havia o problema da existência das coisas, e para o cristão é isso que é preciso explicar. As coisas poderiam não ser. É a sua própria existência que requere uma justificação, e não aquilo que essas coisas são. "O grego sente-se estranho ao mundo pela variabilidade deste. O europeu da era cristã, pela sua nulidade ou melhor nihilidade". Para o grego o mundo é algo que varia; para o homem da nossa era é uma nada que pretende ser. "Nesta mudança de horizonte ser vai significar uma coisa toto caelo diferente do que significou para a Grécia: para um grego ser é estar aí; para o europeu ocidental ser é, antes de mais, não ser um nada". "Num certo sentido, pois, o grego filosofa já a partir do ser, e o europeu ocidental, a partir do nada" (Zubiri, Sobre o problema da filosofia).
Esta diferença radical separa as duas grandes etapas filosóficas. O problema fica posto de duas formas essencialmente distintas: é outro problema. Assim como há dois mundos, este mundo e o outro, na vida do cristão vai haver dois sentidos distintos da palavra ser, se é que se pode aplicar o nome ser em ambos os casos: o ser de Deus e o do mundo. O conceito que permite interpretar o ser do mundo a partir de Deus é o da criação. Temos por putro lado, Deus, o verdadeiro ser, criador, por outro lado o ser criado, a criatura, cujo ser é recebido. A verdade religiosa é a criação que obriga a interpretar esse ser, pondo o problema filosófico do ser criador e do ser criado, de Deus e da criatura. Deste modo, o cristianismo, que não é filosofia, afeta a filosofia de um modo decisivo, e esta filosofia que surge da situação radical do homem cristão é aquela a que se pode chamar, neste sentido concreto, filosofia cristã. Não se trata, pois, de uma consagração pelo cristianismo de nenhuma filosofia, nem da impossível adesão da religião cristã a nenhuma delas, mas de uma filosofia que emerge da situação capital em que o cristão se encontra: a da sua própria realidade ante Deus. Num sentido lato, isto sucede em toda a filosofia européia posterior à Grécia, e, de modo especial, na dos primeiros séculos do nossa era da filosofia medieval.

Elementos do Conhecimento



1 - O conhecimento é um ato/processo de objetivação. Em sua aparente simplicidade, esta noção nos faz distinguir entre objeto/coisa e objeto conhecido, já que o objeto que acaba sendo conhecido é o resultado do processo de objetivação.
2 - O conhecimento é um processo de constituição objetiva. Noção similar à anterior, da que se distingue pela presença da palavra "constituição". Com isso, chama-se atenção mais o papel do sujeito a cuja atividade se deve a constituição do objeto. Constituição não é criação. A constituição objetiva não é constituição ontológica, não se constitui um ser, mas sim uma significação objetiva.
3 - O conhecimento é a assunção consciente do objeto. É uma definição muito precisa. Equivale dizer que conhecer é ter notícia de um objeto, o qual, certamente, é dizer muito pouco.
4 - O conhecimento é a representação simbólica do objeto. Não confundamos esta noção com a simples noção de representação. Com efeito, a representação é simbólica. O símbolo é a tradução dos dados do objeto/coisa que o sujeito, com seu dinamismo, leva à tona.
5 - O conhecimento é a donação de sentido que o sujeito confere aos dados que lhe apresentam desde o objeto/coisa. O dado desde o objeto converte o sujeito, mediante sua atividade, em uma unidade significativa ou de sentido, já que o objeto é para o sujeito o que significa ou o sentido que o sujeito lhe confere.

ATITUDE CRÍTICA


A teoria do conhecimento deve ser crítica, a atitude com o que devemos iniciar tem que ser uma atitude crítica, ou seja, a atitude crítica é o ponto de partida da teoria do conhecimento. A teoria do conhecimento deve iniciar por uma atitude crítica, uma certa tomada de posição frente ao conhecimento. Trata-se de enfrentar o conhecimento a partir do próprio conhecimento. Esta atitude crítica exige uma esforço reflexivo, porque se trata de enfrentar-se com o conhecimento desde o conhecimento mesmo. Assim, um teórico do conhecimento precisa ir à raíz última da possibilidade do erro e da dúvida, precisa problematizar questões como: o que é o conhecimento? como se origina ou nasce o conhecimento? qual o seu valor? qual é a sua capacidade reveladora do "outro", ou seja, da realidade? Na expressão de Kant: "crítica é o autoconhecimento da razão posta sobre e ante si mesmo. Deste modo, crítica é a realização da racionalidade mais interna à razão". Uma atitude crítica que pretenda enfrentar-se com a objetividade e valor do conhecimento tem que ser uma crítica da inteligência humana e da razão da mesma.

POEMA DO CONHECIMENTO


Se há um indivíduo

Existe um animal;

Se há um sujeito

Existe um sentido;

Se há um sentido;

Existe um pensamento;

Se há um pensamento;

Existe uma idéia;

Se há uma idéia

Existe um discurso;

Se há um discurso

Existe o outro;

Se há o outro

Existe a comunicação;

Se existe a comunicação

Existe a linguagem;

Se existe a linguagem

Existe um signo;

Se existe um signo

Existe o significado;

Se existe o significado

Existe a interpretação;

Se existe a interpretação

Existe o ser;

Se existe o ser

Existe o complexo;

Se existe o complexo

Existe o não-idêntico;

Se existe o não-idêntico

Existe o social;

Se existe o social

Existe a Sociedade

[...]

Conhecimento!

TEORIA DO CONHECIMENTO


A teoria do conhecimento pode ser definida como a investigação à cerca das condições do conhecimento verdadeiro. Compreende tanto as investigações psicológicas sobre a produção e essência do conhecimento humano quanto as investigações crítico-cognitivas a cerca da validade do mesmo. A teoria do conhecimento apóia-se em dois pressupostos: primeiro, que o conhecimento seja uma "categoria" do espírito, uma "forma" da atividade humana ou do "sujeito", que possa ser indagada no universal e em abstrato, ou seja, prescindindo dos processos cognitivos particulares de que o homem dispõe fora e dentro da ciência; segundo, que o objeto imediato do conhecer seja, como o julgara Descartes, somente a idéia ou a representação e que a idéia seja uma entidade mental, isto é, exista apenas "dentro" da consciência ou do sujeito que a pensa. Portanto, a teoria do conhecimento é uma reflexão filosófica sobre o conhecimento tendo como objetivo investigar sua s origens, suas possibilidades, sua fundamentação, sua extensão e seu valor.

TEORIA DO CONHECIMENTO – ARISTÓTELES - CAUSA MATERIAL À CAUSA FINAL


TEORIA DO CONHECIMENTO – ARISTÓTELES - CAUSA MATERIAL À CAUSA FINAL[1]


Apesar de ter sido discípulo de Platão
durante vinte anos, Aristóteles (384-322 a.C.) diverge profundamente de seu mestre em sua teoria do conhecimento. Isso pode ser atribuído, em parte, ao profundo interesse de Aristóteles pela natureza (ele realizou grandes progressos em biologia e física), sem descuidar dos assuntos humanos, como a ética e a política.
Para Aristóteles, o dualismo platônico
entre mundo sensível e mundo das idéias era um artifício dispensável para responder à pergunta sobre o conhecimento verdadeiro. Nossos pensamentos não surgem do contato de nossa alma com o mundo das idéias, mas da experiência sensível. "Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos", dizia o filósofo.
Isso significa que não posso ter idéia de um teiú sem ter observado um diretamente ou por meio de uma pesquisa científica. Sem isso, "teiú" é apenas uma palavra vazia de significado. Igualmente vazio ficaria nosso intelecto se não fosse preenchido pelas informações que os sentidos nos trazem.
Mas nossa razão não é apenas receptora de informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a capacidade de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é no que ela tem de essencial. Por exemplo, se digo que "todos os cavalos são brancos", vou deixar de fora um grande número de animais que poderiam ser considerados cavalos, mas que não são brancos. Por isso, ser branco não é algo essencial em um cavalo, mas você nunca encontrará um cavalo que não seja mamífero, quadrúpede e herbívoro.
O papel da razão

Conhecer é perceber o que acontece sempre ou freqüentemente. As coisas que acontecem de modo esporádico ou ao acaso, como o fato de uma pessoa ser baixa ou alta, ter cabelos castanhos ou escuros, nada disso é essencial. Aristóteles chama essas características de acidentes.
O erro dos sofistas (e de muita gente ainda hoje) é o de tomar algo acidental como sendo a essência. Através desse artifício, diziam que não se pode determinar quem é Sócrates, porque se Sócrates é músico, então não é filósofo, se é filósofo, então não é músico. Ora, Sócrates pode ser várias coisas sem que isso mude sua essência, ou seja, o fato de ser um animal racional como todos nós.
Mas como nós fazemos para conhecer a definição de algo e separar a essência dos acidentes? Aí está o papel da razão.
A razão abstrai, ou seja, classifica, separa e organiza os objetos segundo critérios. Observando os insetos, percebo que eles são muito diferentes uns dos outros, mas será que existe algo que todos tenham em comum que me permita classificar uma barata, um besouro ou um gafanhoto como insetos? Sim, há: todos têm seis pernas.
Se abstrairmos mais um pouco, perceberemos que os insetos são animais, como os peixes, as aves...
Ato ou potência
E poderíamos ir mais longe, separando o que é ser, do que não é. E aqui chegamos à outra grande contribuição de Aristóteles: se o ser é e o não-ser não é, como dizia Parmênides, então como é possível o movimento.
Segundo Aristóteles, as coisas podem estar em ato ou em potência. Por exemplo, uma semente é uma árvore em potência, mas não em ato. Quando germina, a semente torna-se árvore em ato. O movimento é a passagem do ato à potência e da potência ao ato.
Qual a causa?
Por outro lado, se as coisas mudassem completamente ao acaso, não poderíamos conhecê-las. Conhecer é saber qual a causa de algo. Se tenho uma dor de estômago, mas não sei a causa, também não posso tratar-me. Conhecendo a causa é possível saber não só o que a coisa é, mas o que se tornará no futuro. Pois, se determinado efeito se segue sempre de uma determinada causa, então podemos estabelecer leis e regras, tal como se opera nos vários ramos da ciência.
Existem quatro tipos de causas: a causa final, a causa eficiente, a causa formal e a causa material. Por exemplo, se examinarmos uma estátua, o mármore é a causa material, a causa eficiente é o escultor, a causa formal é o modelo que serviu de base para escultura e a causa final é o propósito, que pode ser vender a obra ou enfeitar a praça.
Há uma hierarquia entre as causas, sendo a causa final a mais importante. A ciência que estuda as causas últimas de tudo é chamada de filosofia. Por isso, a tradição costuma situar a filosofia como a ciência mais elevada ou mãe de todas as ciências, por ser o ramo do conhecimento que estuda as questões mais gerais e abstratas.

[1] *Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz em Ilhéus (BA).

VÍDEO SOBRE TEORIA DO CONHECIMENTO

http://www.youtube.com/watch?v=1JfSkp7xJ24

O CONHECIMENTO - Teoria do Conhecimento


O CONHECIMENTO[1]


Dá-se o nome de conhecimento à relação que se estabelece entre um sujeito cognoscente (ou uma consciência) e um objeto. Assim, todo conhecimento pressupõe dois elementos: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido, que se apresentam frente a frente, dentro de uma relação. Isso equivale a dizer que o conhecimento é o ato, o processo pelo qual o sujeito se coloca no mundo e, com ele, estabelece uma ligação. Por outro lado, o mundo é o que torna possível o conhecimento ao se oferecer a um sujeito apto de conhecê-lo. Só há saber para o sujeito cognoscente se houver um mundo a conhecer, mundo este do qual ele é parte, uma vez que o próprio sujeito pode ser objeto de conhecimento.
Por extensão, dá-se também o nome de conhecimento ao saber acumulado pelo homem através das gerações. Nessa acepção, estamos tratando o conhecimento como produto da relação sujeito-objeto, produto que pode ser empregado e transmitido.
O conhecimento pode ser concreto, quando o sujeito estabelece uma relação com um objeto individual. Por exemplo, o conhecimento que temos de uma amigo determinado, com todas as suas características individuais. E pode ser abstrato quando estabelece uma relação com um objeto geral, universal.


[1] ARANHA, Maria Lucia de. Temas de Filosofia. Editora Moderna, São Paulo, 1992.

Teoria do Conhecimento


A palavra conhecimento provém do latim cognitio, co-gnoscere. no sentido de junto; e pela palavra gnoscere, do grego genesis, que quer dizer gênese, nascimento: conhecer significa nascer-junto, Nascer junto é a experiência de se descobrir numa unidade originária com o que é descoberto, A origem do conhecimento é o aparecimento de homem e mundo, articulados na unidade do nascimento comum do conhecimento. A teoria é o modo do conhecimento se apresentar.
Apesar deste seu sentido originário de unidade, com a moderna divisão cartesiana da realidade em consciência e extensão, o homem e o mundo foram separados ontologicamente em duas instâncias distintas, o interno e o externo, transformando a teoria do conhecimento em uma doutrina filosófica que investiga as possibilidades da relação entre o sujeito e o objeto, onde a verdade passa a ser compreendida como uma cópula adequada destes dois termos.
A teoria do conhecimento surge como disciplina autônoma apenas na modernidade, no pensamento de Descartes, quando a questão filosófica deixa de ser o que é o ente?, para se transformar, em: qual é aquele ente que, no sentido do ens certum, é o ente verdadeiro? A partir de Descartes, a certeza se torna medida determinante da verdade, sendo a filosofia, a teoria do conhecimento, o saber que determina a certeza do conhecimento verdadeiro.
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1993.ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico, 2.ed. São Paulo, Martins Fontes, 1987.

A NATUREZA DO CONHECIMENTO APÓS A VIRADA LINGUÍSTICA-PRAGMATICA - Teoria do Conhecimento


A NATUREZA DO CONHECIMENTO APÓS A VIRADA LINGUÍSTICA-PRAGMATICA[1]


A problemática do conhecimento é o centro da filosofia desde o século XVII. Será possível abordar o conhecimento após a virada lingüística – pragmática que se deu a partir dos fins do século XIX? Para responder a tal questão, após Frege e Wittgenstein, cai o modelo fundacional que preconiza a busca da verdade e da certeza pela relação entre sujeito cognoscente e mundo/objeto conhecido. A semântica veritativa, critica Habermas, ainda prende-se à função expositiva da linguagem e, com isso, permanece presa à teoria do conhecimento tradicional. Numa teoria pragmática do significado não só o pensamento é comunicado, mas um fato é compartilhado, a verdade não se resume a um conteúdo proposicional, ela está ligada a razões, ao entender-se com alguém a respeito de algo. Habermas em “Verdade e Justificação” mostra que a racionalidade não é única (há a racionaTotalidade reflexiva, a epistemológica, a teleológica e a comunicativa). O conhecimento não se limita em formular juízos, mas é uma atividade de reconstrução que faz parte de nossas formas de vida. Ao lado das pretensões de validez há, para Habermas, um aspecto semântico, realista. No discurso há uma relação entre verdade e justificação, requisito para os processos intersubjetivos, que demandam o mundo objetivo enquanto algo que favoreceu ou não os processos de entendimento. Num enunciado bem justificado, retorna ao mundo da vida. Assim, no paradigma lingüístico-pragmático, faz sentido perguntar pela natureza do conhecimento somente se o conhecimento for visto como uma prática que decorre de necessidade do mundo da vida e não de certezas transcendentais.


[1] Inês Lacerda Araújo. Professora pesquisadora do programa Pós-Graduação Mestrado em Filosofia da PUCPR, autora de Introdução à Filosofia da Ciência e de Foucault Crítica do sujeito.

A Teoria do Conhecimento


A TEORIA DO CONHECIMENTO[1] - Teoria do Conecimento

Se reunirmos os ensinamentos aristotélicos contidos na lógica, na psicologia e na abertura da metafísica, veremos que a teoria do conhecimento deve responder a algumas questões fundamentais: qual a relação ou diferença entre sensação e ciência, e como se dá a aquisição de conhecimentos? A primeira questão consiste em compreender tanto por que a sensação é condição da ciência como a diferença entre o conhecimento sensível dos particulares e o conhecimento inteligível dos universais, uma vez que só há ciência no universal. A segunda consiste na distinção aristotélica entre o que é primeiro para nós e o que é primeiro na ciência, isto é, a diferença entre o início do conhecimento por meio das sensações e o início de uma ciência por meio de princípios e axiomas, uma vez que a ciência é conhecimento dos princípios e das causas e por meio dos princípios e das causas. A terceira consiste em determinar quais as qualidades e disposições psíquicas que permitem a alguém passar da ignorância ao estado de saber, uma vez que o desejo de saber é natural em todos os humanos.
Compreenderemos as respostas de Aristóteles a essas questões se observarmos que sua teoria do conhecimento possui três características principais:
1 – Procura os instrumentos que permitam conhecer as coisas particulares, pois são elas a única e verdadeira realidade, ainda que para conhecê-las tenhamos que passar pelo universal (o ser, a substancia, a essência...). A passagem pela definição e pelo conceito, pelo universal necessário, visa alcançar o conhecimento do particular, pois só este existe realmente. Não podemos ter ciência de Sócrates ou Cálias, mas é para conhecê-los que precisamos ter a ciência do homem.
2 – baseia-se na idéia de que o mundo é uma totalidade hierarquicamente organizada e racional que pode ser conhecida graças a certos princípios válidos tanto para as coisas como para o pensamento, tais como o princípio de contradição, de identidade, do terceiro excluído, ou os princípios, tais como o princípio de contradição, de identidade, do terceiro excluído, ou os princípios de classificação dos seres por gêneros e espécies segundo a diferença especifica, e os três grandes pares de conceito da metafísica e da física, quais sejam, matéria-forma, potência-ato, essência-acidente. Somos seres naturais aos quais é possível, pelo lugar que ocupamos na escala do Kósmos, conhecer a realidade sob todos os seus aspectos.
3 – Admite uma solidariedade natural entre coisas (a unidade de cada ser), conceitos que delas formamos (o inteligível presente em cada sensível) e discursos nos quais as exprimimos( a lógica).
Desse modo pode-se afirmar que conhecer é reunir os componentes de uma coisa singular, ou de uma substância real, unir os semelhantes e separar os discordantes, para formar o conceito ou a definição dessa coisa singular. Para isso, começamos com os dados dispersos da experiência – a sensação - , passamos a uma primeira síntese desses dados empíricos – o sentido comum e a imaginação auxiliada pela memória – e chegamos a uma primeira unidade racional que nos oferece os atributos ou predicados essenciais e acidentais desta coisa – a razão. O percurso do conhecimento é o caminho que vai das sensações às imagens e percepções, destas às palavras, e destas aos conceitos, juízos, proposições e silogismos. Todavia, esse é o percurso segundo nós, isto é, conforme às nossas disposições e potencialidades psíquicas que nos fazem começar na sensação e terminar na demonstração. Não é este o percurso segundo as coisas, isto é, de acordo com a ciência, pois esta deve começar com os princípios universais, conhecimento com a ciência, pois esta deve começar com os princípios universais, conhecimento por intuição intelectual. Assim, a razão operando com princípios universais, conhecidos por intuição intelectual. Assim, a razão operando com princípios, axiomas, definições e demonstrações, formula juízos sobre as coisas, tomadas numa unidade superior que é a dos gêneros e espécies, por meio dos quais voltamos à coisa singular, mas desta vez tendo o seu conceito verdadeiro.


[1] CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Polichinelo Titere

No estudo sobre Reflexões: A criança, o brinquedo, a Educação de Walter Benjamin, o autor comenta sobre O teatro de Titeres, especificamente o teatro de bonecas de Schwiegerling. Esta imagem é a do Polichinelo, onde com emoção Benjamin descreve a peça.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A gargalhada de Nietzsche

Não basta tomar o poder para ser, como diz Nietzsche um "senhor".
Com freqüência são justamente os "escravos" que tomam o poder, e
que o mantêm e que permanecem escravos ao preservá-lo.

Vejo uma originalidade nesta reflexão.
Referência

DELEUZE GILLES - A Ilha Deserta,Ed. Iluminuras,S.P.,2008.

vídeo sobre Hannah Arendt

http://www.youtube.com/watch?v=60IHax93kxc

A amiza Amizade é algo importante para o ser humano. Esta estaria dentro das chamadas ciências práticas de Aristóteles, mais precisamente dentro das virtudes morais na ética. Aristóteles divide a amizade em três espécies, àquela que é motivada pelo bem que é tida como mais duradoura, e as agradáveis e úteis que visam os interesses próprios, a primeira estaria relacionada com os jovens e a segunda com os idosos. Dentro da amizade na ética de Aristóteles, também é possível notar a amizade entre os desiguais, esta que ocorre quando um é superior (manda e um que obedece), ou seja, as excelências morais implícitas nestas espécies e suas respectivas funções são diferentes, logo, é diferente a razão pelas quais várias pessoas estão envolvidas. A amizade é algo que torna os indivíduos sociáveis, mantém as cidades unidas além de ser um meio importantíssimo para se chegar a grande finalidade humana que é a felicidade.

Charles robert Darwin - 1809 a 1882





Este ano, intitulado o ano de Darwin, não poderíamos deixar de postar algo aqui no Blog, então segue uma matéria que saiu na Folha de São Paulo, talvez de pra dizer que se confunde filosofia com religião, porém leia e tire suas conclusões.




DARWIN E A FILOSOFIA


A obra de Darwin ( a origem da espécies) é um marco do pensamento humano. Mas seu verdadeiro impacto muitas vezes se perde na polêmica estéril entre fundamentalismo e cientificismo.

Para o cristianismo, a teoria da evolução mostrou os limites de uma interpretação literal da Bíblia (abrindo espaço para a hermenêutica contemporânea dos textos bíblicos) e de um "deus das lacunas", invocado para explicar, de forma quase mágica, as lacunas em nosso conhecimento sobre a realidade ("Deus quis...", "Deus fez..."). Por essa razão, evidencia-se a necessidade de a reflexão religiosa dialogar com o conhecimento científico e de a relação entre o cristianismo e a ciência não poder se orientar pelo fundamentalismo.

Mas Deus, por definição, é um ser que está fora do âmbito da investigação científica. Diante da seleção natural, pode-se dizer: "É evidente que somos obra do acaso" ou "Que mecanismo maravilhoso Deus utilizou para nos fazer!". Esperar que a ciência diga qual a frase correta é cientificismo -uso inadequado e desmedido dos resultados do método científico.

A grande questão com que a teoria da seleção natural sempre nos desafiou é saber até que ponto o homem racional, que se declara capaz de se autoconstruir pela cultura e pelo livre-arbítrio, é descrito e definido pelo bicho-homem, que se esconde nos subterrâneos do inconsciente e que pode estar nos guiando em um processo determinado por genes e pressões seletivas.

Trata-se de um problema crucial numa época em que ocorre uma naturalização da moral, a qual procura validar toda tendência instintiva, desde que não afete a individualidade do outro, enquanto a capacidade de autoconstrução da pessoa justifica o descolamento entre condutas e dados biológicos -como na discussão sobre "gênero" e "sexo".

O debate sobre a aplicabilidade ou não dos princípios da seleção natural ao ser humano levou muitas vezes a resultados que hoje parecem risíveis. Por exemplo, explicar as desigualdades sociais dizendo que os "mais aptos" enriquecem e que os "menos aptos" vivem na penúria (antessala da eliminação por seleção natural); ou utilizar a forma do crânio para a identificação de criminosos potenciais.

Teorias como essas subestimavam o peso da história e da cultura e não se sustentaram diante de pesquisas mais precisas. Contudo, ciências como a sociobiologia e a neuropsicologia continuam acumulando evidências da impossibilidade de nos descolarmos de nossa biologia e de nossa evolução. Mesmo o amor mais sublime ou o mais elevado altruísmo, para se fixarem como comportamentos humanos, tiveram de se tornar viáveis para a sobrevivência do homem primitivo e permanecem provocando reações fisiológicas passíveis de serem analisadas em laboratório. Até que ponto essas descobertas podem ser usadas para orientar as condutas humanas?

Nos mamíferos, por exemplo, o processo reprodutivo, com a gestação intrauterina e a necessidade de cuidados relativamente intensos com a prole, levou à seleção de machos que produzem um número elevado de espermatozoides, que frequentemente fecundam muitas fêmeas e que têm o vigor físico necessário à proteção e à alimentação das fêmeas e suas proles. Já as fêmeas produzem poucos óvulos e desenvolvem características que lhes permitem maximizar sua capacidade de gerar e nutrir a prole.

Esses dados são comuns a grande parte dos mamíferos e se aplicam à espécie humana, mas poucas pessoas os utilizariam como justificativa para o machismo e a opressão da mulher. Contudo, até que ponto podem explicar diferenças comportamentais entre os sexos? E, se explicam, que consequências isso traz para a ética e para a moral?

As respostas a essas perguntas não podem ser encontradas nas ciências.

Elas exigem uma reflexão sobre o significado da vida humana, sobre a busca de realização dos desejos mais profundos do nosso coração. Não se trata de pieguice ou de abstrações. Darwin, querendo ou não, mostrou que a religiosidade moderna não podia ser fundamentalista, mas devia se abrir aos desafios da razão. No entanto, também lançou os pilares para perguntas que a ciência não pode responder e que nos obrigam a enfrentar questões seculares da filosofia e da teologia.

Folha de S. Paulo - 26/02/2009

FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO , biólogo e sociólogo, coordenador de projetos do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), foi por 20 anos professor na PUC-Campinas, onde lecionou ecologia e evolução. Atualmente dedica-se à área de bioética, sendo um dos organizadores do livro "Um Diálogo Latino-Americano: Bioética e Documento de Aparecida"


Introdução a amizade em Aristóteles


Aristóteles é o “Pai” da filosofia prática, pois demarcou o campo da ação humana e distinguiu, pelo método e pelo conteúdo, o saber prático e a técnica fabricadora, assim como o saber teorético e o saber prático. A ética é uma ciência prática ou uma ciência da práxis humana, isto é, um saber que tem por objetivo a ação. Difere, portanto, da metafísica, que é uma ciência teorética, onde a mesma não cria seus objetivos apenas os contemplam. Apesar da distinção que há entre as ciências teoréticas, todas as atividades humanas têm como finalidade o bem. No caso da ética, esse bem é o do indivíduo que se prepara para viver com os outros na pólis, e a mesma estuda os fundamentos da ação humana. Por isso, que o estudo da ética tem início com a virtude em Aristóteles. O estagirita busca apresentar um referencial reflexivo a seus contemporâneos para que possam atingir a excelência moral, ou seja, serem virtuosos, vivendo de forma virtuosa conseguiu atingir a finalidade da vida humana: a felicidade. Com esse enfoque, discute-se o tema amizade em Aristóteles por se tratar de um sentimento desenvolvido pelos seres humanos, que pelo fato de serem animais políticos, ou seja, viverem em sociedade, este tema torna-se importante, pois perpassa todas as relações sociais. É por isso que o filósofo demonstra que há várias espécies de amizade e cada uma delas está diretamente relacionada com o que os homens buscam na relação que estabelecem. Assim, tão importante quanto à vida virtuosa é a consciência das relações amistosas que o homem estabelece e, sobretudo, se as mesmas estão interligadas a princípios e valores que contribuem ou não para realização do bem comum. Aristóteles trata da amizade nos livros VII e IX, que segundo o mesmo, é a maneira concreta de viver as virtudes em sociedade. Nesta se verifica a passagem da realização moral e individual e comum pela justiça e pela coragem para realização humana em grupos.

Einstein e a Filosofia

A exemplo de muitos cientistas, Einstein mostrou ao longo de toda sua vida uma preocupação constante com questões epistemológicas suscitadas pelas suas descobertas. Marcante na postura filosófica de Einstein foi sua insistência pelo direito da abstração, por esta permitir um avanço alem das fronteiras conhecidas do conhecimento, mas por outro lado sua postura realista, da existência de um mundo externo alheio µa nossa vontade e da experiência como determinante do sucesso ou insucesso de uma teoria (postura também defendida por Boltzmann. Entre diferentes teorias, consistentes com observações experimentais, devemos escolher aquela que e mais simples (maior unidade lógica possível). Podemos afirmar, com grande dose de segurança, que a predisposição de Einstein em seguir as conseqüências filosóficas de seus trabalhos permitiu a ele questionar os fundamentos das teorias físicas (em particular a mecânica quântica) de um modo que muito poucos físicos até então haviam conseguido. Se Einstein em suas múltiplas tentativas filosóficas cometeu erros, como opinam alguns especialistas, não parece ser a questão fundamental, ao menos do ponto de vista do autor, uma vez que mais do que tudo ele nos deixou um exemplo que para filosofar em Física e antes necessário um profundo envolvimento (e conhecimento) de suas bases - e este compromisso Einstein manteve ao longo de toda sua vida.

positivismo no Brasil

ESBOÇO HISTÓRICO SOBRE O POSITIVISMO NO BRASIL

Quando, no século XIX, Auguste Comte elaborou o Positivismo, talvez jamais tenha pensado que não a Europa, mas um país sul-americano é que viria ser o solo fértil aonde germinariam as suas idéias. Hoje, a Filosofia Positiva de Comte está superada no Ocidente, especialmente no que diz respeito à pretensão de reduzir a Filosofia a uma reflexão sobre a Ciência, na medida em que o conceito de ciência que lhe servia de suporte também foi reformulado. Mas, o Positivismo de Auguste Comte compreende um vasto sistema filosófico, que ultrapassa as suas considerações de ordem epistemológica e pretende determinar a atividade humana no seu espaço histórico. E, se a Epistemologia comteana está devidamente superada, existe ainda uma herança positivista disseminada em diversos setores da atividade humana ocidental, em geral, e brasileira em particular. Foi durante o chamado Segundo Império, isto é, por volta de 1850 que as idéias positivistas chegaram ao Brasil, trazidas por brasileiros que foram completar seus estudos na França, tendo mesmo alguns sido aluno de Auguste Comte. A indagação que cabe fazer aqui é: por que no Brasil tais idéias foram tão bem aceitas e divulgadas com tanto vigor? Para responder a esta questão parece-me importante traçar em linhas gerais a situação sócio-política do Brasil no Segundo Império.

Newton

"A noite encobria a natureza e suas leis. Deus disse: FAÇA-SE NEWTON! E tudo se tornou luz..." - Alexander Pope

Liberdade Final: Um videozinho !!!

Para encerra o assunto proponho este video que irá dar uma revisada em tudo que foi apresentado, espero que gostem!!!

liberdade 4: A liberdade dialética!


Você se considera livre?
Depois de refletir as duas grandes linhas doutrinais sobre a liberdade, vamos apresentar a ultima linha, o que poderíamos ser uma “solução filosófica”. A solução filosófica mais completa, nos parece, é a que visa conjugar a verdade do indeterminismo e verdade do determinismo: a livre decisão da pessoa, de um lado, e a motivação da escolha, de outro. A liberdade da qual o homem goza não é uma liberdade absoluta, mas condicionada: este condicionamento contudo, que é típico do homem enquanto ente finito, não é absoluta determinação. O homem age em uma situação preestabelecida: porém te a capacidade de aceitá-la ou de recusá-la, assumi-la ou modificá-la. Tal capacidade é portanto sua liberdade: que é empenho, desenvolvido á luz do valor, de realizar a própria pessoa em harmonia com definição racional do fim do próprio homem, enquanto ser racional. Não é uma liberdade gratuita, posto que é motivada; não é uma necessidade mecânica, posto que a motivação é pessoal: “O homem pode, com efeito, querer e não querer, agir ou não agir: pode ainda querer uma coisa ou outra, fazer uma coisa outra. Tudo isso é próprio da razão” (São Tomás de Aquino, Suma Teológica). A liberdade filosófica torna-se então a descoberta do próprio caráter profundo, da própria vocação e do próprio destino; em certo sentido, é necessitada, mas sua necessidade é interna, não é externa; em outro sentido, é livre, mas sua liberdade é motivada e racional.

A filosofia, que se ocupa com problema da liberdade, sabe que ninguém pode substituir a liberdade do homem. A decisão, na qual a liberdade se explica e se realiza, permanece ligada ao empenho pessoal de cada um. A filosofia se limita a propor reflexões sobre a liberdade, mostrando o carater inadequado de duas soluções e propondo uma terceira. Desta maneira o tema da liberdade está ligada estritamente relacionado com tema da autonomia do sujeito.

Liberdade 3: O Determinismo


Você se considera livre?

Dando continuaidade ao nosso assunto, hoje a reflexão vamos falar de uma outra doutrina que tenta cocneituar a liberdade, o determinismo. Esta doutrina que já no pensamento grego, Demócrito havia remetido toda realidade ao movimento de partículas minúsculas chamadas átomos; tudo o que ocorre se deve a uma necessidade. Era um determinismo rígido, que temos no pensamento dos estóicos, para os quais o supremo dever moral do homem é a aceitação da necessidade universal. Recentemente foi o positivismo quem reafirmou, com o pretenso fundamento na ciência, a determinação causal de todos os atos humanos, tudo o que ocorre possui uma causa necessária: a liberdade é somente a ignorância dessa causa. Os positivistas não hesitam em tirar todas as conseqüências ético-jurídicas desta negação de liberdade, por exemplo: o delinqüente quando comente um delito, não é livre, mas é determinado por um complexo de causas biológicas, psicológicas e sociológicas; mas se não é livre, não é responsável, e se não como cobrar responsabilidade, não se pode punir. Assim não é difícil descobrir a limitação fundamental do determinismo: o homem privado de liberdade, torna-se maquina, toda responsabilidade é anulada juntamente com a liberdade; falar de moral não parece mais possível à medida que uma moral da necessidade é completa contradição. A espiritualidade, que diferencia qualitativamente o homem do mundo da natureza, torna-se uma ilusão. Mas então qual é a forma que devemos pensar a liberdade? Isso é um assunto para outro momento.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sir Isaac Newton


Para aqueles que desejam se aventurar em outras línguas ai vai, dois bons videos sobre Sir Izaac Newton:

1) Em Espanhol: isaac newton e a gravidade


2) Em Inglês: Isaac Newton e o ateísmo

Precursores da ciência moderna

CIÊNCIA MODERNA

O homem renascentista começou a virar-se mais para si do que para os dogmas bíblicos e a interessar-se cada vez mais pelas ideias, durante tantos séculos esquecidas, dos grandes filósofos gregos, de modo a fazer renascer os ideais da cultura clássica ¾ daí o nome de Renascimento. Esta é uma nova atitude a que se chamou «humanismo». O protótipo do homem renascentista é Leonardo da Vinci, pintor, escultor, arquitecto, engenheiro, escritor, etc., a quem tudo interessa. Muitas verdades intocáveis são revistas e caem do seu pedestal. O que leva, inclusivamente, à contestação da autoridade religiosa do Papa, como acontece com Lutero (1483-1546), dando origem ao protestantismo e à reforma da Igreja.

As mudanças acima apontadas irão estar na base de um acontecimento de importância capital na história da ciência: a criação, por Galileu (1564-1642), da ciência moderna. Com a criação da ciência moderna foi toda uma concepção da natureza que se alterou, de tal modo que se pode dizer que Galileu rompeu radicalmente com a tradicional concepção do mundo incontestada durante tantos séculos.

É claro que Galileu não esteve sozinho e podemos apontar pelo menos dois nomes que em muito ajudaram a romper com essa tradição e contribuíram de forma evidente para a criação da ciência moderna: Copérnico (1473-1543) e Francis Bacon (1561-1626).

A imaginação dos homens e a influência do mito no dia á dia

Como explicar oque acontece a sua volta? como utilizar-se de explicaçoes lógicas em um periodo onde recursos cientificos eram escassos? talvez a ferramenta mais útil para tais funções fosse a imaginação, a imaginação éra a unica capaz de auxiliar o homem na busca de resposta convicentes para que este pudesse seguir uma caminho confiável e convincente sobre tudo que ocorria a sua volta. O mito se fez presente de varias formas para explicar varias situações deis de uma simples chuva até a mais torrencial das tempestades, esta se fez presente tambem na vida pessoal dos cidadãos daquela época como no caso de Afrodite a deusa do amor. Afrodite foi considerada a deusa do amor mas tambem protetora das prostitutas e ainda a "responsavel" por um bom desempenho sexual no ambiente particular do cidadão. Afrodite assim como os demais deuses éra possuidora de muitos defeitos como os humanos dentre estes destaca-se os vários amantes que esta possuia devido a seus desejos ou seja esta estava sempre traindo seu marido Hefesto (Deus do fogo) afrodite se relacio0nava tanto com outros Deuses como também com humanos

Ética

Resumo do Livro I da Ética a nicomaco
Toda atividade do ser humano esta direcionada para o bem; e quando é feito um organograma estas ações têm um final acertado, a medicina visa à saúde, o marceneiro visa o fabrico de moveis, o agricultor a plantação de produtos hortifrutigranjeiros enfim os trabalhadores de forma geral têm uma função que por mais enfado que tenha não deixa de romper todas estas dificuldades imposta pela atividade e o anseio imposto pelo dever e vai à procura da sua subsistência, este esforço visa o bem do próprio trabalhador e o meio de manter a família que esta sobre sua responsabilidade.
As ações de certa forma estão relacionadas como um grande conjunto que forma um todo interligado ligando uma função a outra, desde as atividades camponesas que mantém relação com varias forma de trabalho como na extração do leite que fornece material para o fabrico de queijo manteiga e de outros derivados bem como no uso do couro para confecção de calçados etc , nas criação de ovelha que têm ligação com o fabrico de jaquetas e outros produtos isto posto dá-nos a vincularmos o campo com a cidade que tem sua parte neste conjunto de ações as cidades são mantidas com seus produtos para a sua subsistência e a mesma que é o centro onde esta como diz Platão como o cérebro onde emana as leis elaborada pelos magistrados e pelos governantes os que tem o poder de mando onde também se encontrar as forças militares que faz através das ordens emanadas da próprias autoridade que as ordens elaboradas pelo próprio legislativo seja mantida.
A cidade por sua vez contribui para o melhoramento de toda a comunidade na elaboração não somente de normas mas também instituições voltadas para o melhoramento das artes tanto do fabrico de instrumentos para os agricultores mas também na arte da guerra nos que se refere a estratégia militar, as ciências é atividade continua e deve ser exercitadas ou desenvolvidas na cidade para o crescimento de todos tanto da mesma como do campo, e se firma na retórica que estabelece por meio da política como deve ser tanto a parte econômica ou da subsistência como a sua segurança que é desenvolvida por meio das estratégia de guerra.
Todas estas ações estão votadas para o bem pessoal e comum com certa harmonia com o todo que é a própria cidade, e como toda atividade está voltadas para o bem se ela tiver uma certa finalidade a ação tende a ter mais chance de ser feliz para aquilo que foi planejada, as especialidades faz que os acertos seja maiores e nisto vemos nas ações dos retóricos que é a arte da política que estabelece e que rege todas as outras formas de vida na cidade e o bem supremo como objetivo de todos é a felicidade e todas as situações que tem bom andamento e desenvolvimento e trás um certo contentamento é uma atividade feliz ou de sucesso.
Para muitas pessoas entendidas no que se refere a felicidade a mesma é algo simples é como conseqüência de algo que dá prazer, a riqueza a honraria mas e verificado que estas situações entra em contradição quando colocadas à prova, pois a riqueza é algo prazeroso quando a pessoa esta na pobreza com pendências financeiras e com falta do básico para manutenção própria e da família, assim as relacionadas com a saúde quando doente. Situação indiferente na ignorância fator que determina a infelicidade então é o conhecimento do que é e do que não é o padrão.
Todavia há um bem que é por si próprio o bem em sua essência, este é a finalidade deste estudo por mais que sua concretização não é alcançada firmaremos uma linha de comentários que observados nos fará mais felizes, a vida é um bem que por si só proporciona uma certa felicidade isto no que é de mais básico tendo como finalidade única a própria vida isto com todas as suas adversidade o simples fato de viver, as praticas boas serve de referencial para as outras pessoas da comunidades os vícios torna a vida que se prepõem a ser agradável atrapalha seu bom desenvolvimento ela coloca a pessoa em um circulo vicioso e a harmonia é totalmente comprometida em suas fazes que levaria a pessoa a felicidade e conseqüentemente a Excelência moral caminho que deve ser trilhado por aqueles que desejam uma vida plenamente feliz.
As ações que torna a mesma nobilitante ao ponto de a torna como referencia é a aplicação visando a perfeição por mais que esta não seja alcançada, o general e aplicação de seus milicianos de forma eficiente o sapateiro na confecção dos melhores calçados nisto é observado a ação nobre e as ações ignóbeis, o bom e o mau serviço. Cabendo o elogio e as honras conforme aquilo que foi feito e a censura em situações contraria ao bem.
As honras esta vinculada a parte da inteligência que têm duas parte a racional e a irracional essa é também nutritiva ligados a parte que envolve todo ser vivo e é de natureza vegetativa, e no ser humano esta ligados também aos sono que é uma inatividade da alma, o elemento racional por mais que é constituído de parte irracional e vegetativa tem a parte racional a qual louvamos pois em contraste com as ações pejorativas é censurada pela razão que coloca sanções para qualquer ação reprovável, o irracional possui comportamento duplo e por mais que se interaja com a parte racional tende com facilidade as ações reprováveis e o papel da própria razão é fazer que esta ação seja modificada, a sabedoria esta em moldar as atitudes dúbias e em situá-las de tal forma a direcioná-las para a excelência o discernimento a liberalidade e a moderação são formas de excelência moral ai entra em analise as ações que dignifica os seres humanos e tendemos a louvar as ações que cooperam para o enobrecimento do caráter do ser humano.
ARISTÓTELES, Ética a nicômaco, Tradução de Mario da Gama Kury. 3ª Ed. Brasília, Editora Universidade de Brasília, c 1985, 1992.

Estética - belo e feio

Nada é mais condicionado, digamos limitado, do que nosso sentimento do belo. Quem quiser pensar sobre ele separado do ser humano com o ser humano logo verá o chão ceder sob os pés. O "belo em si"é uma mera expressão, não é sequer um conceito. No belo, o ser humano se coloca como medida da perfeição, em casos seletos, adora nele a si mesmo. Uma espécie não pode senão dizer sim a si mesma desse modo. Seu instinto mais profundo, o da autopreservação e auto-expansão, ainda se manifesta em tais sublimidades. O ser humano acredita que o mundo está repleto de beleza - ele esquece de si mesmo como causa dela. Somente ele dotou o mundo de beleza, oh, de uma beleza muito humana, demasiado humana... No fundo, o ser humano se espelha nas coisas, acha belo udo o que lhe devolve a sua imagem: o juízo "belo"é sua vaidade de espécie... Pois o cético pode ouvir uma leve suspeita lhe sussurrar esta pergunta: o mundo realmente se tornou belo pelo fato de o ser humano tomá-lo por belo? Ele o humanizou: isso é tudo. Masnada absolutamente nada nos garante que justamente o ser humano constitua o modelo do belo. Quem sabe como ele se saíria aos olhos de um mais elevado juiz do gosto? Talvez ousado? Talvez até divertido? Talvez um pouco arbitrário?... (Friedrich Nietzsche - IX, 19, Crepúsculo dos Ídolos)

Estética e a função da arte - video

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Estética e a sua percepção - imagem

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MAQUIAVEL:POLÍTICA E ÉTICA


A tradição judaico-cristã e filosófica atribuiu a Maquiavel a responsabilidade pela separação entre ética e política, formando desse modo uma nova visão, voltada somente para os fins. Os fundamentos teóricos do Príncipe não partiram de uma Teologia, dos humanistas ou da filosofia, mas das experiências concretas dos grandes líderes da História da humanidade, principalmente da sociedade romana em seu período republicano.
A chave para o êxito está em reconhecer a força das circunstâncias, relacionando a necessidade com a exigência dos novos tempos, de maneira temporária e se possível de uma única vez, e nunca em benefício próprio. A virtu não deve ser entendida como um dado antropológico, mas um agir voltado ao bem comum. O valor não está nas medidas, mas na preservação do ideal de bem comum.
Por fim, a ética não é uma esfera independente das dimensões da existência humana, por isso, não pode ser desprezada, a fim de não justificar monstruosidades na intenção de construir algo melhor. Os fundamentos éticos não são cristãos, mas mesmo assim são éticos. A crítica à ética cristã não se torna uma crítica à religião, mas a uma ética que se descuida dos valores cívicos e com isso permite a tirania, a submissão e a dominação.

SGANZERLA, A. MAQUIAVEL: ser e parecer na política. In: Anor Sganzerla; Ericson Falabretti; Francisco Verardi Bocca. (Org.). Ética em Movimento: contribuições dos grandes mestres da filosofia. 1 ed. São Paulo: Paulus, 2008, v. 1, p. 69-81.

Um pouco sobre Tales de Mileto.


Tales de Mileto
Segundo a tradição, o primeiro físico grego, isto é, o primeiro a investigar as questões referentes à natureza (phýsis). Sabe-se pouco a respeito de sua vida. Foi considerado um dos sete sábios da Grécia. De acordo com várias fontes, este pensador teria previsto o eclipse total do sol, em 585 a.C. Segundo conta Heródoto, importante historiador da Antiguidade, Tales teria desviado o curso do rio Hális, de modo que o exército de Creso, que Tales integrava, pudesse prosseguir viagem. São contadas, também, várias anedotas a seu respeito. Platão narra o caso em que Tales, enquanto olhava para o céu, observando os astros, caiu em um poço. Uma escrava trácia, que se encontrava por perto, riu do ardor com que ele procurava conhecer as coisas do céu, esquecendo contudo aquelas que estavam a sua frente e, precisamente, debaixo de seus pés. Aristóteles relata outra façanha: alguns concidadãos de Tales teriam censurado a este por causa de sua pobreza, alegando ser ela uma prova de que a filosofia para nada servia. Havendo previsto, por estudos astronômicos, que naquele ano haveria abundante colheita de azeitonas, Tales juntou um pequeno capital e, ainda no Inverno, comprou todos os lagares existentes em Mileto, por baixo preço. Quando chegou a ocasião da colheita, que de fato foi abundante, Tales alugou seus lagares pelo preço que desejou, obtendo grande lucro. Assim, ele demonstrou, segundo a interpretação de Aristóteles, ser fácil ao filósofo enriquecer, se desejar, não sendo, no entanto, isso de seu interesse. Do pensamento de Tales, pouco se sabe. Não é provável que este tenha escrito um livro, nem se conhecem fragmentos seus. Sua doutrina chegou até nossos dias somente na forma de comentários (doxografia), em escritos posteriores. Aristóteles, contudo, o designa como fundador da filosofia. Segundo se sabe, Tales teria afirmado ser a água o princípio (arché) de todas as coisas. No século XIX, Nietzsche analisa esta frase, conferindo a ela o estatuto de uma afirmação filosófica, por três razões: porque ela enuncia algo acerca da origem da realidade, porque o faz sem valer-se, ao contrário do pensamento mítico, de imagens ou fabulações, e porque nela está contido o pensamento: tudo é um. Tales teria, desta forma, sido o primeiro a investigar a unidade originária da realidade, ao perguntar pelo mesmo que se diferencia no múltiplo. Desta forma, é ele, efetivamente, o responsável pela primeira formulação filosófica de que se tem notícia no Ocidente. Segundo consta, também provém de Tales a afirmação: tudo está cheio de deuses. Para Aristóteles, esta frase parece indicar uma reflexão acerca da participação da alma na totalidade constitutiva do real. Esta participação é indicada pela presença do movimento na natureza; este é, segundo Tales, o modo próprio do anímico se manifestar na realidade.